28 de julho de 2011

Pequim, chinesices e bom pitéu.

Quente como em Portugal por esta altura, húmido como nunca antes tínhamos sentido! Segundo consta por estes lados não é normal esta humidade toda, Pequim é uma cidade seca no Verão mas sempre poluída, calorosa e vivida. Os Chineses são um povo de tradição, vícios, bons de boca e com muita aptidão para o convívio. Temos tido muito sucesso por estas bandas como “Pandas cor-de-rosa”, uma verdadeira atracção para qualquer chinês atento.


Após a chegada algo atribulada, tivemos dias de descanso, turismo de turista e muitos quilómetros galgados quer “a la pata”, metro ou táxi. Já fomos à Praça de Tiananmen e à Velha Pequim onde tivemos encontros vários com pessoas que nos abordavam para os mais diversos esquemas. Sabíamos de quase todos, através de avisos no Hostel, e ainda assim juntamo-nos com dois Chineses de Xangai que visitavam a capital. Foi muito interessante este primeiro contacto com o povo e a cidade. Os nossos amigos do alheio levaram-nos a visitar a farmácia mais antiga, a principal loja da seda e o restaurante mais caro. Contaram-nos muito sobre a China e Pequim, sobre o Partido e o Povo, quiseram conhecer Portugal, os seus hábitos e habitantes. Por fim, levaram-nos a uma casa de chá para beber cerveja (esquema conhecido), a conversa continuou e, por fim, a conta. Cada um paga o seu?! Costumam fazer assim?! Resposta dos 3 “tugas”: Sempre! A não ser que seja aniversário de alguém. Assim ficaram demonstradas as nossas intenções e, também, as deles. Ainda nos quiseram arrastar para o Karaoke (esse então, super esquema conhecido) mas nós tínhamos de ir ao Hostel e conseguimos desmarcar-nos. Conhecemos também a região nova da cidade onde se realizaram os Jogos Olímpicos de 2008. O grande Cubo, o Estádio Olímpico, a torre e a tocha Olímpica. Contudo, em espaços criados para um objectivo específico e temporário, parece que, inevitavelmente, existem sempre algumas zonas com ar de inabitado e não usado. Um espaço público enorme, de grandes passadiços e repletos de pessoas. IMG_5224A segurança é prioridade neste país e de tal forma qualquer entrada para estes espaços requer uma passagem de bagagem por uma máquina de Raios-X e de nós próprios por um detector de metais. Tudo vedado a outros possíveis acessos e sempre, sempre, sempre com câmaras de vigilância. No regresso à cidade as verdadeiras Chinesices! Papagaios com luzes e cores a alturas impressionantes (para além dos normais papagaios com alguns metros de comprimento e constituídos por vários papagaios mais pequenos), karaoke na rua, danças conjuntas de “novos vizinhos”, negócios de todo o tipo e feitio! Os chineses super excitados com as suas máquina, acessórios, variadíssimos petiscos e alguns saltos e poses dignos de verdadeiras acrobacias. Andámos umas 4 horas pela Cidade Proibida onde tudo é enorme, pouco se pode ver e existem muitos e muitos, imensos, chineses dos vários cantos da China. De facto, uma enormidade de área e muitas salas fechadas à passagem de transeuntes, onde apenas se pode espreitar mas se amontoam dezenas de pessoas aos apertos e encontrões! IMG_5285É uma “cidade imperial” imponente e com uma história que se sente e percebe pelos vários “bairros”, jardins e praças, para imperadores e família, eunucos e concubinas. Ao fim de algumas horas, o calor, a humidade, a sede, a fome e os chineses derrotaram-nos e seguimos para o pitéu. Muito e muito bem se come em Pequim (e creio que em toda a China)! E barato! Já experimentámos diferentes tipos de restaurantes, de tascas, de bancas de rua, de coisas excêntricas e até de fast food chinesa. Assistimos ao tocar horário do bombos na Torre dos ditos, oposta à dos Sinos. Ambas guiadas à antiga por um relógio de água fascinante. Tivemos o prazer de conhecer o Miguel (português a viver por cá) e de dar uma entrevista para a Antena1. Visitámos o Lama Temple onde se encontra um dos maiores Buddha do Mundo e onde se encontram as várias nações em torno de uma religião, reinando uma calma diferente no interior de uma enorme cidade. IMG_5424Foi dia de aprender, através de uns olhos (não em bico) mais próximos do que vemos, o que é e como funciona esta República Popular da China. Um país que ainda mantém a política do filho único, com pequenas excepções: filho com deficiência, tentativa de filho homem após primeira filha e viver no campo. Pena? Multa e, geralmente, doação das crianças para adopção, também geralmente, por casais ocidentais. Um país onde o carro surgiu há 15 anos e onde se conduz como se de bicicletas se tratasse. Passadeiras não se respeitam. É deixar andar até quase bater usando buzina e travões. Uma sociedade onde o Partido perdeu a mão na economia, inevitavelmente, mas aperta o cerco a cidadãos e à sua liberdade de pensamento, principalmente. Onde a SIDA e os prostitutos são tabu: ninguém tem, ninguém sabe e ninguém viu. Um povo de mentes brilhantes e cultura aprumada, mas onde o pensamento abstracto, criativo e fora da formatação imposta se revela esmagador. Os novos Chineses denominados os pequenos imperadores, são filhos únicos, mimados e com acesso a todos os novos gadgets tecnológicos. Todo este bom e mau será o nosso futuro? Eles são imensos, andam por aí e a “ameaça” sente-se.


Aproveitámos bem esta cidade, a sua noite de convívio na rua, as suas festas privadas onde fomos intrusos, vícios baratos (especialmente o tabaco e álcool martelado) e muito Karaoke. Muita poluição “visível” no ar pesado da cidade, câmaras de vigilância, segurança apertada e proibições de tirar fotos ao lago(?!). Passeámos durante a noite por avenidas enormes com os habitantes dos Hutongs a viver essas avenidas, as suas vizinhanças e a tentar sair do seu pequeno canto “pouco privado”. Fomos aos subúrbios conhecer um verdadeiro, sujo e mais comum Hutong, onde petiscámos o que de melhor vimos por aqui a um preço de 2€/cabeça. DSC06257DSC06260


Comemos de tudo e por muito pouco, conhecemos os sorrisos e afectuosidade deste povo intelectualmente oprimido e descobrimos uma cidade enorme com muito de tudo um pouco e muito muito de chinesices e chineses. Descobrimos um país com alguma censura, muita imitação mas um povo que se sente ser feliz e dedicado. Possuem uma longa história sem a qual perceber o Mandarim é impossível. Estrada vem do caminho para cavalos, trabalhos de casa utiliza sempre o caracter para mulher e qualquer coisa relacionada com a água tem gotas no seu “desenho”. Um país com 56 etnias, igual número de dialectos (incompreensíveis entre eles) mas onde todos se entendem, quer pela educação, pressão do Partido, controle das pessoas, ou simplesmente a utilização de uma mesma linguagem escrita. Agradecimentos especiais nesta altura, ao André pelas vivências em Pequim, ao Miguel pela sua hospitalidade e ao Rui pela oportunidade da entrevista.

27 de julho de 2011

As fronteiras

Mais uma fronteira que tivemos de atravessar e muitas que ainda virão. Como seria de esperar o tempo que esta pequena travessia pode demorar é sempre algo incalculável, ainda para mais ao sair de um país onde o tempo não se conta. É verdade, na Mongólia não se conta o tempo, algo que aprendemos por experiência própria no meio de tanto quilómetro. Como queríamos poupar dinheiro, optámos por apanhar um comboio até à cidade fronteiriça na Mongólia em vez do comboio internacional directo a Pequim. Ficava a metade do preço demorando cerca de 12 horas mais. A parte do comboio correu muito bem, demorámos 12 horas entre UB e a cidade de Zamin-Uud, o problema veio depois… Por azar ou coincidência, apanhámos um protesto à saída desta cidade que dava para a fronteira com a China (Erliane). Desta feita a nossa única opção, visto os “táxis” para atravessar a fronteira estarem parados, foi esperar. Acabámos por “perder” umas 6 horas onde aproveitámos para comer, fazer contactos e juntar aos dois Joãos um André nesta nossa aventura. Com o desbloquear do protesto de camionistas Mongóis, finalmente pudemos prosseguir viagem e dentro de um jeep fomos os dois Joãos, o André e mais 3 polacos rumo à China. IMG_5147Todo o processo da travessia demorou cerca de 2 ou 3 horas e foi super fluído, sem problemas e com muita expectativa. Chegados à China, o rumo seria Datong. O problema? Transportes. Para este trajecto a nossa única opção, depois dos atrasos vários, seria esperar pelo dia seguinte e tentar um possível comboio ou autocarro. Como os nossos companheiros de viagem estavam decididos a seguir para Pequim no próprio dia, a alternativa foi “alugar” um minibus (uma vez mais) e todos juntos seguir na viagem de 8 horas até Pequim. Ficámos com alguma pena de não visitar Datong mas a ida directa para Pequim permitiu-nos “ganhar” algum tempo. Chegámos às 4h da manhã a Pequim, todos meio a dormir (o que fez com que um par de sapatos voltasse para Erliane no minibus) e, graças ao André, com um lugar para ficar. Directos ao hostel e toca a descansar. Pequim é enorme e muito tem para visitar! Vamos a isso.

26 de julho de 2011

Mongólia–Expedição

Pensámos em nada escrever mas, apesar das imagens valerem mais que as palavras neste país de sensações, algo ficaria por dizer. Estamos agora de arrancada de Ulan Baataar, uma cidade que após as grandes comemorações do Nadam e num sábado cheio de sol, nos pareceu mais bonita e interessante, será o encanto da despedida? Estivemos 10 dias em passeio pelo sul e sudoeste da Mongólia, visitámos vários locais de interesse local e internacional.

Começámos a aventura com um furo! Algo já esperado olhando para o estado do pneu que utilizávamos. O pneu substituto apresentava pior aspecto mas era o único que tínhamos. IMG_4409O macaco era inexistente e a nossa sorte foi o solo macio em que nos encontrávamos. Naturalmente esta situação é muito comum nestas aventuras e apesar das várias “falhas”, Noya (o nosso guia) e Ganbat (o nosso motorista) nem estremeceram. A atitude dos Mongóis revelou-se, para nós, um misto de um desleixe relaxado, uma despreocupação profissional e uma preguiça generalizada. IMG_4921Este povo, que ainda sofre com a ocupação chinesa, tem a certeza que desses vizinhos nada quer e tudo é mau. Dessa forma, adoptaram o cirílico como  escrita oficial deixando cair em desuso os seus belos traços árabes e a orientação chinesa. Adoptaram essa escrita como forma de afirmação e ligação a uma Rússia decadente. Não aceitam a filosofia de desenvolvimento chinesa, preferindo o estagnar russo que viemos observando à medida que avançámos cada vez mais por essa Rússia adentro. Desta feita, a cidade de Ulan Baataar apresenta-se como uma capital que cresce mas não se desenvolve, em que os prédios nascem mas não se usam e onde as regras não existem a não ser a do salve-se quem puder (sempre a buzinar). Parece que ninguém quer trabalhar (muito) a não ser no turismo e, mesmo no turismo, a lei do menor esforço com alguns lucros é que reina. Este comportamento é também uma forma de protecção das raízes e costumes Mongóis, uma forma de afirmação do que é ser nómada, guerreiro e livre. Preferível o semi-estagnar Russo ao super-desenvolvimento Chinês. Como povo, veem o futuro no que o país tem para mostrar! Uma imensidão de terra, com pessoas genuínas a viverem nos seus Gers com as suas tradições e os seus rituais. Famílias nómadas com um painel fotovoltaico, um plasma e parabólica onde a mãe pede ao filho um favor e este, colado na televisão, imediatamente acode ao pedido sem um já vai ou vai já. Galgámos quilómetros e quilómetros, vimos paisagens que vão desde o mais seco e árido ao mais vivo e verde (ver post anterior). IMG_4542Certamente muito nos falta deste país maravilhoso mas em termos de pessoas, estilos de vida e gastronomia, creio que conseguimos “recolher” um bom bocado de tudo. Começámos por falésias, de rocha, coloridas ou “dos dinossauros”, que nascem e morrem no meio de enormes estepes, ora num verde vivo, ora num castanho seco. Acampámos e comemos em lugares onde ver ao mesmo tempo o pôr-do-sol e o nascer da lua foi-nos possível. Respirámos o mais puro dos “ares”, sentimos os melhores (e os piores, inclusive o nosso) dos cheiros e vimos a mais bela das luzes estampada nas montanhas, montes e dunas. Fomos a um parque natural onde o gelo ainda persiste em meados de Julho, outro onde uma cascata de 20 metros dá origem a um enorme rio cavado no meio de planícies que ligam montanhas e fomos, também, à maior duna de areia da Mongólia. Custou mas chegámos ao cume!

IMG_4838IMG_4823A nossa expedição concentrava-se no Deserto do Gobi mas que, na realidade, é mais que um deserto. É de facto uma zona seca, com pouca ou nenhuma gente, mas que não é composto apenas por areia. Vimos e vivemos vários cenários, com várias companhias e sempre com uma sensação de unicidade impressionante. Durante este tempo tivemos a companhia do Noya, Ganbat, Mohammad, Rita e mais dois penetras durante 3 dias. Ao sairmos para a expedição já sabíamos que o casal Iraniano IMG_4715nos deixaria ao fim de 6 dias, o que não sabíamos é que iríamos dar boleia a um sul-coreano com a sua concubina mongol até que os “expulsássemos”. Na realidade, apenas lhes pedimos um valor (sugerido por eles) algo exorbitante (lançado por nós) para que pudessem terminar connosco o trajecto. Talvez não tivesse sido a mais inocente das atitudes, mas o convívio com este casal verificou-se nulo durante o tempo que não existiu e dessa forma seria apenas menos espaço que teríamos na carrinha até final da expedição. Por outro lado, uma vez mais o convívio com Mohammad e Rita foi impecável. Muita partilha, histórias de viagens, negócios possíveis, assuntos passados e futuros. Duas pessoas que já marcam esta viagem, assim como G-Shock Im. Companheiros de aventuras dentro desta aventura. Descobrimos a flora e fauna da Mongólia, a “sua” admiração pelos cavalos e um número incrível de gafanhotos, sapos ou falcões, dependendo da zona onde andávamos. Um monumento imenso em homenagem aos cavalos de corrida, aparentemente no meio de nenhures e ao qual acorreram uma vintena de pessoas nos 15 minutos que por lá andámos. IMG_4885Vimos saltar-nos aos pés milhares ou milhões de gafanhotos enquanto passeávamos a pé pelos vastos campos, montanhas ou desertos. Sobrevoaram sobre as nossas cabeças falcões como nunca antes tínhamos visto. Chegaram a ser 15 por cima de nós! Para além destes animais que se tornaram vulgares, pudemos observar águias, cabras, cavalos selvagens, camelos, veados, ratos do campo e marmotas. Nada de especial quando comparado com o Norte, segundo nos disseram. Foi uma experiência única mas não irrepetível. Queremos voltar! Talvez ainda demore uns anos, talvez numa outra estação e com outra preparação, mas voltaremos! Dos vários espaços e momentos, destacamos uma cavalgada no parque natural das cascatas, onde conseguimos tomar um belo banho natural (após 7 dias de pó e mais pó), usufruir da paisagem e passar dois dias a descansar. Comemos sempre bem, quer em “restaurantes” quer refeições cozinhadas pelo Noya. Descansámos sem pressas e respirámos fundo vezes sem conta de modo a encher os pulmões com o que víamos e sentíamos. IMG_4530Como não podia deixar de ser, mais um furo no penúltimo dia e um outro no último dia, 20 minutos depois do pneu ter sido arranjado. Sorte, azar, destino, superstição? Segundo os mongóis, os cavalos fazem a viagem e as orações em torno de locais próprios à beira da estrada são fundamentais. Talvez o não termos partilhado esse sentimento e essa crença? Talvez simplesmente a preguiça Mongol para ter bons pneus e permitir este charme aventureiro?

Foi uma experiência inigualável e que já deixa saudades na partida para a fronteira chinesa. Saímos de Ulan Baataar às 20h e chegaremos pela manhã à cidade fronteiriça de entrada na China. Ficaremos por Datong antes de rumar a Pequim. Adeus Mongólia, até ao nosso regresso.

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10 Dias, 9 Noites

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12 de julho de 2011

UlaanBaatar

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Capital da Mongólia. Um misto de cosmopolitismo e “guerismo”. Tudo ao molho, sem regras mas sem choques ou confrontos, com muita tradição e identidade. Depois da chegada atribulada, o descanso merecido de um dia e uma saída incrível mas curta até ao Parque Natural Khustain Nuruu. No parque muito se pensou. Impressionante como 6 pessoas de várias partes do mundo caminham no meio das paisagens Mongóis sem trocar palavra durante largos períodos de tempo infindável. Uma completa interiorização do espaço, dos sons, da luz, dos movimentos e dos cheiros… IMG_4134Também uma forte introspecção individual quebrada por comentários aqui e além, sempre para admirar qualquer pequeno fenómeno que se avistava. Passeámos um dia inteiro sem dar pelo passar desse mesmo dia. Olhámos em frente e esgotámos a nossa vista; até conseguir, o nosso olhar sentiu; para além do possível, o sonho. Assim, chegámos de novo a UlaanBaatar, cansados mas com a necessidade de encontrar um novo hostel. Já com os contactos feitos, dirigimo-nos ao hostel onde o casal de iranianos que conhecemos em Irkutsk (Mohamad e Rita) já estavam instalados e nos tinham reservado as próximas noites. Foi um reencontro com muita conversa entre amigos onde cada um descobriu um pouco mais do outro. Boas condições no hostel e o iniciar do plano da expedição. Tanto para ver nesta Mongólia infindável, tanto tempo seria necessário para sentir toda esta terra…



IMG_4157Naadam! Uma junção de toda a Mongólia para comemorar o que parece a celebração da batalha, da dificuldade na definição de uma nação, tão perigosamente perto da perca da mesma, inevitavelmente mas conscientemente. O ensino do Inglês parece um “bem” necessário mas que não é um “bem” vindo. Um país com um grande conquistador Genghis Khan, dominador e explorador, sempre espicaçado pelo Budismo Chinês, e apertado pelo Cristianismo Ortodoxo Russo, mas acreditando na religião Shaman! Aproveitando problemas internos (ou não!) dos grandes vizinhos, tomaram rédea ao país e criaram a sua verdadeira independência com uma revolução democrática, depois das pressões comunistas. Contudo as marcas e ameaças Russas e Chinesas mantêm-se no ar. IMG_4357Voltando ao Naadam, uma celebração de toda a Mongólia! Tiro com arco com um alvo diferente, corridas a cavalo em direcção ao nada e Wrestling (eles mesmo o dizem) com milhares de concorrentes durante 2 dias. Muita festa, um silêncio inexplicável na cidade e todos nas competições. De facto, foi muito bom poder passar nos festejos e aproveitar a cidade vazia. Ao final do dia tudo regressa, uma grande chuvada e de novo no hostel. Perdem-se uns dias e ganham-se outros, hoje foi dia de “lides domésticas” e “tarefas profissionais”. Entrevistas com mais entrevistas.Reencontro com um amigo de viagem com jantar num restaurante do seu país. Comemos bem, com pauzinhos e muita diversidade. Ele comentou que seria 80% do original. Para nós foi boa a refeição e sentido o reencontro. Amanhã vamos seguir numa expedição pelo Meio-Este, Sudeste e Sul da Mongólia. Serão 10 dias, muitas emoções e uma grande descoberta. Nada veremos, tudo vamos sentir!

10 de julho de 2011

Dia-a-dia

Agora na Mongólia, ficaremos alguns dias. Dias passados na tranquilidade e no meio do muito espaço inabitado que por aqui se pode encontrar. Ainda só tivemos esse contacto no caminho para UB, depois de muitas horas de viagem, mas foi mágico! Por enquanto a vida agitada de uma cidade sem regras, muitas pessoas e muito movimento. Em cada esquina um restaurante, um vendedor e alguns Mongóis tradicionais. Interessante como a mistura se faz sem grandes choques e a um ritmo lento. Não existe um confronto de ideologias nas ruas, tudo se mistura. Não nos olham como os russos apesar da curiosidade se manter. Parecem um povo que já interiorizou o turismo e o tenta aproveitar, falando o inglês, sorrindo, interagindo… talvez perdendo um pouco da mística da Mongólia. Contudo parece-nos que a imensidão deste país permite que isso se faça com cabeça, muita calma e sem precipitações. Segundo consta, os Mongóis são como os Alentejanos, devagar se vai ao longe ou, devagarinho se vai andando.

Quanto ao dia-a-dia, tem-se passado com altos e baixos, mais altos. Mais ou menos cansados, ou que explica muitos baixos, quase sempre bem comidos, pois nisso não perdoamos e os países têm permitido. Higiene é quando calha, pois nem sempre temos acesso aos meios necessários. Bem instalados? Algo muito positivo até agora é o facto de em 22 dias de viagem, termos pago apenas 3 dormidas! Tudo o resto vai sendo passado em viagem ou em casa de pessoas hospitaleiras que nos têm ajudado imenso. O que também nos tem ajudado imenso são alguns objectos trazidos para a viagem, muitos fornecidos por amigos e familiares a quem tanto agradecemos. As malas, obviamente, as bolsas de cintura, os ténis, o canivete Suíço, o relógio de pulso, o frontal, as cartas, o casaco, os binóculos desdobráveis, o conjunto de “cozinha”… O dia-a-dia é diferente em todos os aspectos, mas as necessidades as mesmas. De momento instalados numa Guest House, com cama e roupa lavada, pequeno-almoço, higiene e um grupo enorme de viajantes que de um lado para o outro, num sentido ou no outro, aqui passam e deixam a sua marca.

Amanhã espera-nos um passeio de um dia por um parque natural perto de UB, no regresso ,talvez ,o reencontro com o casal de iranianos e um encontro especial com mais um João que por aqui viaja sozinho.

8 de julho de 2011

Mais uma viagem... seguida de outra.

 

Mais uma vez estamos num comboio que ruma cada vez mais profundamente numa Rússia abandonada. Uma Rússia em nada comparável aquela que descobrimos nas grandes cidades. Aqui descobrimos o que se descobre em cada pequeno mundo presente no nosso. Uma amizade, partilha e tentativa de compreensão cada vez maior. Éramos 11! Uma avó e neta, dois amigos, um casal, mais uma rapariga, nós e os vizinhos. Entre línguas e gestos diversos nos entendemos. Continuamos na 3ª classe dos comboios russos, nada de novo tirando os lugares. Descobrimos os seus nomes, destinos e ocupações. O espanto é geral ao saber que o serviço militar em Portugal é voluntário. Com igual espanto, observam-nos e tentam compreender as nossas ambições, motivações e objectivos. Continuamos a ser animais de zoo mas queridos e aceites por esta gente simples e solidária.
Vamos até Ulan Ude. Serão mais umas 6 horas de IMG_4063comboio.
Chegando a Ulan ude pelas 7h da manhã, deparamo-nos com uma cidade a acordar, pequena e fugaz foi a nossa passagem por lá. Depois de uma pequena volta em busca de rumo, tomámos um pequeno almoço no jardim e voltámos à estação de comboios. Tentámos voltar ao Baykal mais uma vez mas pelo preço e o "cansaço" aos russos, decidimos seguir viagem rumo à Mongólia.
Fomos até à estação de mini-bus que nos levou até à fronteira da Rússia com a Mongólia, cerca de 4 horas. Depois disso uns 10 minutos até ao posto fronteiriço de táxi. Ao chegarmos descobrimos que a fronteira era impossível de passar a pé e tivemos de pagar 150 rublos (menos de 5 euros) para entrar num autocarro Mongol e, por sua vez, entrar na Mongólia.
Por fim no destino... mas não em porto seguro. Na companhia de uma mãe com o filho e um rapaz húngaro, apanhámos um carro privado que em 6 horas nos deixou em Ulan Baatar. Tudo negócios de pressão, à última da hora e de ocasião. A entrada na cidade de Ulan Bataar ficou marcada pelo trânsito. Pelo caos do trânsito onde a buzina funciona melhor que as regras, em que de uma faixa de rodagem se passa para 3 simplesmente porque alguém decidiu ou precisava (devido à pressa) que assim fosse. Por fim chegámos! IMG_4084O rapaz húngaro convenceu-nos a conhecer os amigos que vivem na Mongólia e nos arranjaram hotel para esta noite. Acabámos por ser recebidos numa bela casa, com uma bela refeição e um sofá para cair! Vamos finalmente descansar depois de uma estafante maratona de Irkutsk a Ulan Bataar.
Um apontamento, a Mongólia é algo de inexplicável. O que vimos foi na viagem de táxi mas desde já nos maravilhou. Falaremos disso quando tivermos mais pormenores, sensações e conhecimento.

6 de julho de 2011

Baykal vindo do céu


Segundo dia inteiro de Baykal. Infelizmente as bicicletas foram devolvidas devido à sua inutilidade perante a chuvada que se abateu sobre a ilha de Olkhon. Conseguimos ainda assim um reembolso parcial devido à simpatia dos russos, aqui mais receptivos e habituados ao turismo, apesar do menor número de turistas. Acordámos cedo mas nada conseguimos ou pudemos fazer perante as forças da Natureza! Em que outro lugar poderiamos saborear tão intensamente a Natureza, tirando o facto que não conseguimos usufruir inteiramente deste espaço maravilhoso (nem um pôr ou nascer do sol), que o imponente Lago Baikal. Resolvemos descansar e esperar que o díluvio parasse. Assim não aconteceu e tivemos de nos fazer à vida. E o que isso significa? Tendo em conta as condições, as prespectivas e o que ainda nos falta de viagem, decidimos apanhar ainda hoje o mini-bus de regresso a Irkutsk. Assim, comprámos os bilhetes e fomos ao improvável mas inevitável banho no maior lago do mundo! Foi entrada por saída. Já não chovia mas o sol também não estava presente. Fazia frio mas assim que o primeiro pé entrou na água esse frio sumiu-se como se de vapor de água se tratasse. A água sim estava gelada! Beber água directamente do lago é algo inexplicável, pela sua frescura, "sabor" e vitalidade. Vamos arrancar com um sabor amargo de que poderíamos ter aproveitado um pouco mais o que esta ilha e o seu lago teriam para nos oferecer, pena que o grande Sol não esteve connosco! Enfim, teremos mais oportunidades para contactar com o Baykal e para lá caminhamos. Irkutsk, será o nosso poiso desta noite para amanhã recolhermos os vistos que nos permitirão entrar na Mongólia. Antes de terras Mongóis, vamos passar por Ulan-Ude e aí esperemos que com melhores condições atmosféricas faremos uns dias de "praia" no Baykal.


A viagem de regresso? Hilariante no minímo. Após o caminho normal de solavancos e zigue-zagues, parámos no meio da ilha para recolher mais um passageiro. Mais umas centenas de kilómetros e ao acordar de uma sesta deparámo-nos com a falta de 2 passageiros, ficaram provavelmente no meio de nenhures, Como ainda havia espaço fizemos uma outra paragem, após um desvio a uma vila far east mais que todas as outras, para apnhar um grupo de damas de honor nos seus 50 ou 60 anos. Uma delas já vinha com uns copos a mais e lançou-se numa conversa em russo connosco. Foi sol de pouca dura, quer seja porque não lhe conseguimos dar troco, quer porque as amigas a puseram na ordem. Por fim, já numa estrada alcatroada ( o que não significa que não existam cavalos sem dono a atravessá-la, e perto do destino recolhemos um senhor que se sentou "ao colo" de um João, pois a lotação do mini-bus não é infinita. Andámos uns 200m até que parámos perto da carrinha desse passageiro. Saímos todos, atrelou-se a carrinha do senhor à nossa e, assim, conseguiu-se ajudar o homem a pôr o calhambeque em andamento. Com esta missão concluída conseguimos finalmente prosseguir viagem até ao destino final sem interrupções.