28 de julho de 2011

Pequim, chinesices e bom pitéu.

Quente como em Portugal por esta altura, húmido como nunca antes tínhamos sentido! Segundo consta por estes lados não é normal esta humidade toda, Pequim é uma cidade seca no Verão mas sempre poluída, calorosa e vivida. Os Chineses são um povo de tradição, vícios, bons de boca e com muita aptidão para o convívio. Temos tido muito sucesso por estas bandas como “Pandas cor-de-rosa”, uma verdadeira atracção para qualquer chinês atento.


Após a chegada algo atribulada, tivemos dias de descanso, turismo de turista e muitos quilómetros galgados quer “a la pata”, metro ou táxi. Já fomos à Praça de Tiananmen e à Velha Pequim onde tivemos encontros vários com pessoas que nos abordavam para os mais diversos esquemas. Sabíamos de quase todos, através de avisos no Hostel, e ainda assim juntamo-nos com dois Chineses de Xangai que visitavam a capital. Foi muito interessante este primeiro contacto com o povo e a cidade. Os nossos amigos do alheio levaram-nos a visitar a farmácia mais antiga, a principal loja da seda e o restaurante mais caro. Contaram-nos muito sobre a China e Pequim, sobre o Partido e o Povo, quiseram conhecer Portugal, os seus hábitos e habitantes. Por fim, levaram-nos a uma casa de chá para beber cerveja (esquema conhecido), a conversa continuou e, por fim, a conta. Cada um paga o seu?! Costumam fazer assim?! Resposta dos 3 “tugas”: Sempre! A não ser que seja aniversário de alguém. Assim ficaram demonstradas as nossas intenções e, também, as deles. Ainda nos quiseram arrastar para o Karaoke (esse então, super esquema conhecido) mas nós tínhamos de ir ao Hostel e conseguimos desmarcar-nos. Conhecemos também a região nova da cidade onde se realizaram os Jogos Olímpicos de 2008. O grande Cubo, o Estádio Olímpico, a torre e a tocha Olímpica. Contudo, em espaços criados para um objectivo específico e temporário, parece que, inevitavelmente, existem sempre algumas zonas com ar de inabitado e não usado. Um espaço público enorme, de grandes passadiços e repletos de pessoas. IMG_5224A segurança é prioridade neste país e de tal forma qualquer entrada para estes espaços requer uma passagem de bagagem por uma máquina de Raios-X e de nós próprios por um detector de metais. Tudo vedado a outros possíveis acessos e sempre, sempre, sempre com câmaras de vigilância. No regresso à cidade as verdadeiras Chinesices! Papagaios com luzes e cores a alturas impressionantes (para além dos normais papagaios com alguns metros de comprimento e constituídos por vários papagaios mais pequenos), karaoke na rua, danças conjuntas de “novos vizinhos”, negócios de todo o tipo e feitio! Os chineses super excitados com as suas máquina, acessórios, variadíssimos petiscos e alguns saltos e poses dignos de verdadeiras acrobacias. Andámos umas 4 horas pela Cidade Proibida onde tudo é enorme, pouco se pode ver e existem muitos e muitos, imensos, chineses dos vários cantos da China. De facto, uma enormidade de área e muitas salas fechadas à passagem de transeuntes, onde apenas se pode espreitar mas se amontoam dezenas de pessoas aos apertos e encontrões! IMG_5285É uma “cidade imperial” imponente e com uma história que se sente e percebe pelos vários “bairros”, jardins e praças, para imperadores e família, eunucos e concubinas. Ao fim de algumas horas, o calor, a humidade, a sede, a fome e os chineses derrotaram-nos e seguimos para o pitéu. Muito e muito bem se come em Pequim (e creio que em toda a China)! E barato! Já experimentámos diferentes tipos de restaurantes, de tascas, de bancas de rua, de coisas excêntricas e até de fast food chinesa. Assistimos ao tocar horário do bombos na Torre dos ditos, oposta à dos Sinos. Ambas guiadas à antiga por um relógio de água fascinante. Tivemos o prazer de conhecer o Miguel (português a viver por cá) e de dar uma entrevista para a Antena1. Visitámos o Lama Temple onde se encontra um dos maiores Buddha do Mundo e onde se encontram as várias nações em torno de uma religião, reinando uma calma diferente no interior de uma enorme cidade. IMG_5424Foi dia de aprender, através de uns olhos (não em bico) mais próximos do que vemos, o que é e como funciona esta República Popular da China. Um país que ainda mantém a política do filho único, com pequenas excepções: filho com deficiência, tentativa de filho homem após primeira filha e viver no campo. Pena? Multa e, geralmente, doação das crianças para adopção, também geralmente, por casais ocidentais. Um país onde o carro surgiu há 15 anos e onde se conduz como se de bicicletas se tratasse. Passadeiras não se respeitam. É deixar andar até quase bater usando buzina e travões. Uma sociedade onde o Partido perdeu a mão na economia, inevitavelmente, mas aperta o cerco a cidadãos e à sua liberdade de pensamento, principalmente. Onde a SIDA e os prostitutos são tabu: ninguém tem, ninguém sabe e ninguém viu. Um povo de mentes brilhantes e cultura aprumada, mas onde o pensamento abstracto, criativo e fora da formatação imposta se revela esmagador. Os novos Chineses denominados os pequenos imperadores, são filhos únicos, mimados e com acesso a todos os novos gadgets tecnológicos. Todo este bom e mau será o nosso futuro? Eles são imensos, andam por aí e a “ameaça” sente-se.


Aproveitámos bem esta cidade, a sua noite de convívio na rua, as suas festas privadas onde fomos intrusos, vícios baratos (especialmente o tabaco e álcool martelado) e muito Karaoke. Muita poluição “visível” no ar pesado da cidade, câmaras de vigilância, segurança apertada e proibições de tirar fotos ao lago(?!). Passeámos durante a noite por avenidas enormes com os habitantes dos Hutongs a viver essas avenidas, as suas vizinhanças e a tentar sair do seu pequeno canto “pouco privado”. Fomos aos subúrbios conhecer um verdadeiro, sujo e mais comum Hutong, onde petiscámos o que de melhor vimos por aqui a um preço de 2€/cabeça. DSC06257DSC06260


Comemos de tudo e por muito pouco, conhecemos os sorrisos e afectuosidade deste povo intelectualmente oprimido e descobrimos uma cidade enorme com muito de tudo um pouco e muito muito de chinesices e chineses. Descobrimos um país com alguma censura, muita imitação mas um povo que se sente ser feliz e dedicado. Possuem uma longa história sem a qual perceber o Mandarim é impossível. Estrada vem do caminho para cavalos, trabalhos de casa utiliza sempre o caracter para mulher e qualquer coisa relacionada com a água tem gotas no seu “desenho”. Um país com 56 etnias, igual número de dialectos (incompreensíveis entre eles) mas onde todos se entendem, quer pela educação, pressão do Partido, controle das pessoas, ou simplesmente a utilização de uma mesma linguagem escrita. Agradecimentos especiais nesta altura, ao André pelas vivências em Pequim, ao Miguel pela sua hospitalidade e ao Rui pela oportunidade da entrevista.

2 comentários:

  1. Cuidado com o que comem e como comem ... uma amiga que morava em Macau, quando ia à China, encomendava sempre um chá e mergulhava lá os pauzinhos da comida para os desinfectar antes de comer!!
    E ainda não alugaram uma bicicleta??
    madrinha

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  2. Fica aqui a entrevista da rádio. A partir do minuto 31.
    http://www.rtp.pt/multimediahtml/audio/jose-candeias/2011-07-28/94280

    Abraços

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