3 de julho de 2011

48/87 Horas

A intesidade desta viagem reflecte-se na velocidade com que os nossos mantimentos vão sendo consumidos. Uma epopeia que me recorda as 36 horas entre Dubrovnik e Istambul, com outras companhias e numa outra aventura. Por aqui o nosso espaço não se altera, lá fora a paisagem vai passando sem grande mudanças, os nossos vizinhos vão saíndo aqui e ali e são substituídos por outros. Agora, na nossa carruagem, segue um grupo de jovens militares a caminho de algum lugar desterrado para cumprir o seu serviço. Ao nosso lado, uma familía tipicamente russa e distintamente simpática. Já tivemos colónias de férias com crianças ao magote, compahias menos simpáticas e apenas alguém como nós, o G-Shock. Amigo feito na fronteira que hoje nos acordou com cervejas frescas compradas quando o comboio parou 20 minutos mas nós ainda dormiamos. É uma sensação bem diferente estar sempre em andamento sem controlo do pára arranca inevitável. Dentro de um comboio durante tanto tempo, apenas nos resta comer, dormir, beber, fumar, ler, jogar e conversar. Tentamos a todo o custo incluir o maior número de pessoas nas nossas conversas, contudo a barreira da língua impede muitos de darem o seu contributo enquanto outros se esforçam para um minímo de entendimento. Passamos algum tempo na carraugem-restaurante, falámos com o Viktor, 41 anos, que se expressa por desenhos ou gestos. O inglês não funciona por aqui. Eram 19.50h de de 5ªfeira qunado entrámos na Ásia, estávamos no restaurante.Entre a nossa carruagem e o restaurante são 36 portas que abrimos e fechamos cada vez que resolvemos ir "apanhar ar". Um processo repetitivo e incomodativo para quem quer dormir. Sentimo-lo na pele quando fechamos os olhos, fazemo-lo sentir quando nos deslocamos fora de horas para umas cigarradas e cervejas. Ontem tentámos alcançar o restaurante para umas cervejas fresquinhas, sabendo que o horário do mesmo era das 9h ás 23h. Fomos barrados pela chefe de carruagem que nos informou que o restaurante estava fechado, eram apenas 22.30h, como poderia ser? Percebemos depois que não havdia qualquer problema pois na realidade ela tinha cerveja para nos vender, obviamente por um preço mais baixo e assim como que para o mornas! Sem argumentos russos, lá tivemos de aceitar a "oferta" e comprámos cervejas no mercado negro do comboio. Já o tinhamos feito anteriormente mas sem essa consciência. Conseguimos negociar e obter um preço mais baixo, cada vez mais baixo, com o passar das cervejas e com a descoberta de mais uma e outra chefes de carraugem no mesmo negócio. Durante este caminho, vê-se muita casa de madeira com telhados anti-neve, a cair aos bocados mas com gente a viver lá dentro. Vivem da agricultura, aparentemente, mas estão rodeados das índustrias decadentes de outros tempos. As fábricas continuam em funcionamento mas como toda a Rússia, um desleixo, falta de dinheiro ou apenas de preocupação, permitiu um detriorar de edificios, campos e cidades. Seguimos pela linha do Transiberiano rumo a Irkutsk, vamos no segundo dia e ainda faltam uns quantos mais. Sentimos um arrepio na espinha ao pensar nisso, um outro ao cruzar olhares com o comandante militar que vai na nossa caruagem. Se algo nos acontecer, foi ele!

Sem comentários:

Enviar um comentário