23 de junho de 2011

Mother Russia

141 milhões dos quais 5 em St. Petersburg.
Um mundo que tem vindo a ser descoberto após uma impressão caótica, suja e confusa. À chegada a surpresa foi grande, com um movimento extremamente intenso para as 7h da manhã que eram, muita poluição e pesssoas mal encaradas por todo o lado!
Acordámos a Irinia, a nossa companheira do HC, que sem dúvida nos mostra mais que qualquer outro hostel ou lugar. É um dilema grande entre os hostels "turísticos" e a hospitalidade local. Uma faca de dois gumes, o nosso pouco afiado mas incisivo.
Partilhar momentos com pessoas locais permite-nos usufruir e compreender o que realmente acontece por estas bandas. A primeira impressão desta cidade foi suavemente apagada pelo tempo que nela fomos caminhando, pelas interacções que nela ocorreram, pelo sol que foi brilhando, quase 24h sobre 24h! Será que só nós achamos isto tão fascinante e de certa forma
incomodativo... o espiríto cais-do-sodré apodera-se de cada João ao saírmos de casa sempre no lusco-fusco, embora sejam apenas onze da noite!

Ontem fomos até à sauna na Dostoievski Prospect. Foi bom e relaxante. No fim, voltámos num carro que mandámos parar no meio da rua, uma espécie de táxi (mais barato) privado. Qualquer pessoa que ande com o seu carro na rua está disposta a prestar este serviço, nada fácil por sinal, tendo em conta o número elevado de carros e respectivos aceleras!

Comprámos os bilhetes para Moscovo! Sairemos esta noite quando forem 2 da manhã e chegamos ao meio dia de amanhã a uma cidade com 4 vezes mais pessoas, certamente o caos é maior e a actividade também. Apesar da ideia pré-concebida, das dificuldades previstas na compra do bilhete, as pessoas mostraram-se preocupadas, procuraram resolver os nossos problemas, com maiores ou menores dificuldades no inglês, mas finalizando com um caloroso sorriso. Por aqui, a partilha é até à exaustão. Prédios comunitários onde é possível comprar um quarto, não pagar pela água consumida e o valor do gás ser irrisório. As pessoas dão o que podem e trabalham com um sentido comum de responsabilidade e nação, o espiríto do Lenine ainda anda por ai. Um modo de viver completamente diferente e perdido no nosso lado mais capitalista da Europa. Por outro lado, a presença so senhor Putin também é sentida. Segurança, presença e algum domínio ostentado e ostensivo. Percebe-se um afastar de classes, previligiádos em grandes carros, boas festas e sempre “mais na sua”, já os desfavorecidos parecem mais atentos, curiosos, mas com um peso em cima... do passado?! do presente?!

Assistimos a uma demonstração do poderio Russo, quando ao andar pela Nevski Prospect, a avenida principal com 4,5km de comprimento, surge um grupo de soldados acabados de formar, com armas, tanques e todo o arsenal antigo, para que qualquer pessoa pudesse ser fotografada ao lado desse armamento.

Uma cidade de extremos e opostos, onde se vai de um a outro num mero instante. Nota-se o orgulho na Mother Russia presente no ar, sem que isso impeça uma apreciação muito positiva do espaço, do tempo e das pessoas que vamos cruzando.

Aprendemos a beber vodka como eles, a falsificar cartões de estudantes (com a ajuda e dica preciosas da Irina, já nos valeu a entrada no Hermitage), a encarar más caras e arrancar sorrisos. A aprendizagem do beber vodka deu em longas conversas caseiras (para além das normais tonturas e enrolar de língua) até que a Irina se retirou e ficámos os dois. Foi, mais uma vez, uma altura de partilhar sentimentos pessoais e sobre pessoas, as vivências desta aventura e de várias outras que as vidas já encontradas ou por encontrar reservaram a cada João.
Muito mais haverá para aprender e assimilar no decorrer desta viagem. Cá estaremos para o que der e vier.

1 comentário:

  1. Ainda não passou uma semana e já há tanto para contar! Ficamos surpreendidos com a capacidade dos textos e fotografias para transmitirem o que são as experiências do contacto com sociedades diferentes. Vamos sentindo também um pouco da humildade, solidariedade e simpatia comum a todos os "povos" quando a oportunidade se proporciona. Afinal Lenine tinha razão!
    Boa continuação e até Moscovo

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