28 de junho de 2011

In Russia, be Russian

Pode dizer-se isto em qualquer outro lugar, com qualquer outra nacionalidade mas, de facto, que melhor adaptação a um local que a de nos moldarmos à sua gente. Um cervejinha vai ajudando... Mosocovo, é uma cidade imensa, com milhões de pessoas a circular pelos canais do Metro que, no máximo 6 minutos e no minímo 30 segundos, não pára de passar. Milhões de pessoas atarefadas nas suas vidas, numa cidade gigante e de contrastes imensos. Não é um terceiro mundo. É mais uma cidade onde a simplicidade das pessoas é visível, com muitos edifícios em degradação contínua e ao que parece, o sentido comunitário vai desaparecendo com o crescer da cidade. Os prédios comunitários vão escasseando, sendo agora como viver em Lisboa, onde se divide o melhor que se pode no menor dos espaços, mas pagando todas as rendas necessárias. (Abraços para a malta da Maria Andrade, todos eles).


A cidade dos motoristas onde a cada porta de cada centro comercial, edíficio público ou simplesmente por aí, está um motorista num topo de gama à espera da personagem.Ser motorista por aqui deve render, os "magnatas" são muitos. Temos passeado por toda a cidade, dentro do possível, no metro e a pé. Fomos à floresta, na montanha citadina, com vista para o rio Mockba, costas para a Universidade Estatal Lomonosov e uma pista de saltos de ski ainda de pé. Galgámos rio acima e rio abaixo e acabámos por passar em frente do estádio do Spartak local onde chegaria mais tarde o Rostov para o jogo. Seguimos viagem e vagueámos pela cidade. As pessoas vão-se revelando mais fechadas, autoritárias e tratando todas as pessoas como russos que têm de saber o que andam a fazer e como o fazem. Não perdoam uma escorregadela, um olhar ou uma desculpa. Gostam de se mostrar russos quando lhes convem e menos russos quando, também, lhes convem. Não temos tido problemas mas apenas arrelias constantes com atitudes, caras e comportamentos. Nada que dois portugueses na Rússia não aguentem. Compreendemos também a sorte que tivemos no acesso a educação, valores e formação. Temos a sorte de ter vindo a ser muito bem recebidos nesta nossa viagem, mais uma vez um forte obrigado às pessoas que nos têm "hostado".


Uma vez mais, andámos pelo Kremelin e Praça Vermelha. Com tudo o que se passa naquele perímetro em nosso redor, conseguimos perder a noção do tempo e ficar, ficar e não mexer. Sentimo-nos como nativos a esta cidade quando saímos de casa, conhecendo os recantos do bairro, fazendo compras e orientando-nos facilmente, ao voltar esse sentimento perde-se com as arrelias que nos mostram que somos diferentes, não piores, não melhores, diferentes. Muitas coisas funcionam aqui como em Portugal seria impensável, também para o melhor e para o pior.


A jantarada de agradecimento à Irina contou com massa de frango com cogumelos e natas, encontro de 3º grau com falantes portugueses de Moçambique e uma noitada de conversa até de manhã. Agora preparamo-nos para mais uma volta por Moscovo, ver as emblemáticas estações de metro, um parque repleto de estátuas e a Praça Vermelha, uma vez mais, desta feita by night.


Amanhã será a arrancada rumo a Este, teremos a companhia do G-Shock Im, não, não é um boneco de animação tipo Action Man! É um rapaz sul-coreano que atravessou a fronteira da Estónia para a Rússia no mesmo autocarro que nós, teve também em S. Petersburgo e arranca também amanhã, também no comboio nº340, também até Irkutsk.

3 comentários:

  1. A tantos quilómetros de distância é muito "comovente" (para mãe) ir-vos sentindo a "encher a Vida" - de experiências, de pessoas, de sentimentos e de sentidos!

    joão & joão + G-Shock Im. Parece-me bem!

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  2. muito contente com o que tenho lido e acho que deves aproveitar ao máximo. Cuidado com o vodka e cervejas não vas ficar viciado!Beijinhos mil da avó.

    (estreia da avó bloguista!!!!)

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  3. É muito interessante ler os vossos registos de viagem, pela capacidade de observação que denotam. Gostei dos "motoristas topo de gama" e os restantes russos...! Ainda vão no início da viagem, conforme vão avançando com todas estas experiências e vivências creio que teremos de volta uns Joãos diferentes e para melhor!

    Abraços para os dois!

    A tia Isabel

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